Como a Fisioterapia Neurofuncional Pode Ajudar Crianças Portadoras de Microcefalia

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A microcefalia é uma doença neurológica que vem assustando muitos casais que planejam ter filhos devido ao aparecimento de diversos casos dessa doença em bebês recém nascidos. No Brasil, já foram confirmados 745 casos de crianças com microcefalia e alterações neurológicas.

Levando em conta a importância desse assunto e a grande atenção que a mídia vêm dado para o mesmo, a Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional – ABRAFIN emitiu um parecer sobre a estimulação precoce e a microcefalia.

É um documento que trata sobre esclarecimentos e sugestões a cerca da importância da Fisioterapia Neurofuncional na estimulação precoce de crianças com microcefalia.

Por ser um documento extenso e com uma linguagem não tão simplificada, decidi fazer um resumo para que você possa entender melhor a posição da ABRAFIN e a importância da Fisioterapia Neurofuncional no tratamento de crianças portadoras dessa condição.

Ates de prosseguir, é importante definir Microcefalia, o vídeo abaixo pode ajudar:

Resumindo:

Definição de Microcefalia:

• Condição Neurológica em que o cérebro não cresce o suficiente durante a gestação ou após o nascimento.
• Perímetro Cefálico 2 desvios padrão (DP) abaixo da média em relação as outras crianças da mesma idade e sexo.

Crianças com Microcefalia, apresentam com frequência:

• Déficit intelectual;
• Atraso no Desenvolvimento Neurológico;
• Epilepsia;

Portanto os Fisioterapeutas devem:

• Reconhecer os processos do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) da criança;
• Escolher as melhores estratégias de avaliação;
• Definir um tratamento para minimizar as deficiências;
• Favorecer maior independência e melhor qualidade de vida;

O período mais critico de desenvolvimento do sistema nervoso (SN) é o primeiro ano de vida, quando o cérebro do bebê se desenvolve consideravelmente. A complexidade das habilidades motoras e dos processos cognitivos aumenta, a medida que o SN amadurece.

Neurocientistas perceberam que além do sistema nervoso central (SNC), aspectos biomecânicos, psicológicos e ambientais interferem no controle do movimento.

Atualmente a Fisioterapia Neurofuncional considera o sistema sensório motor como um sistema que explora o meio ambiente para satisfazer seus objetivos de forma dinâmica.

Fisioterapia Neurofuncional em Crianças com Microcefalia

A capacidade individual para aprender novas opções de movimentos, controla-los em atividades funcionais e readquirir função motora após lesão do SNC, é resultado da interação indivíduo, ambiente e tarefa.

A atuação da fisioterapia neurofuncional em pediatria é fundamental para a criança:

• Adquirir habilidades motoras;
• Interagir com o ambiente;
• Prevenir deformidades e contraturas, que podem comprometer outros sistemas, como o respiratório;

O fisioterapeuta deve realizar uma avaliação cuidadosa com o objetivo de permitir uma melhora do estado de saúde, funcionalidade e qualidade de vida da criança com microcefalia; utilizando instrumentos de medida válidos no qual o profissional deve ter conhecimento aprofundado.

Através da avaliação, o fisioterapeuta neurofuncional deve:

• Identificar o principal problema;
• Integrá-lo a queixa principal do cuidador;
• Estabelecer metas e tratamento;
• Coletar dados para avaliar os resultados obtidos;

Avaliações frequentes devem ocorrer para relatar a evolução, obter novas metas e formular novas orientações. O tratamento deve ser baseado no controle e aprendizado motor de maneira lúdica.

Estimulação Precoce para Recuperação Funcional de Crianças com Microcefalia

O SN apresenta capacidade plástica (capacidade que os neurônios tem de formar novas conexões), que é evidenciado no cérebro jovem sendo mais receptivo a intervenções. Em relação a plasticidade para os casos de microcefalia sugere que o cérebro reage de forma diferente á lesão em diferentes estágios do desenvolvimento. No geral, o cérebro é especialmente plástico até 6 a 8 meses após o nascimento do bebê a termo. Sendo este o período essencial de recuperação funcional.

Uma criança bem estimulada precocemente aproveitará sua capacidade de aprendizagem e de adaptação, de forma simples e rápida. A estimulação deve sempre que possível ser de forma funcional para que a criança tenha motivação. Além da intervenção precoce, o tipo de intervenção e o grau de evolução do SNC intervém no resultado motor da criança.

O fisioterapeuta deve ter flexibilidade  criatividade para introduzir atividades que despertem o interesse da criança, mas também ser capaz de atingir seus objetivos, sendo realizado da forma mais semelhante a função almejada.

Para as mudanças plásticas ocorrerem é necessário que o treinamento seja repetido muitas vezes. As mãos do terapeuta podem auxiliar a ação da criança; é importante salientar que o feedback sensorial, perceptual e cognitivo acarretará um aprendizado motor mais eficaz.

Outro ponto importante, de responsabilidade do fisioterapeuta, é a indicação do uso de órteses, servindo como facilitador, além de prevenir encurtamentos e deformidades.

Um ponto crucial é o envolvimento da família, estimulando e seguindo as orientações. Juntos, família e fisioterapeuta conseguirão bons resultados.

Conclusão

Chegamos ao fim desse artigo, espero que tenha gostado e percebido a importância da fisioterapia no tratamento de crianças com microcefalia. Se você tem alguma dúvida ou alguma informação extra que possa contribuir com esse texto, deixe um comentário.

Ficarei feliz em respondê-los e ajudar sempre que possível.