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Hoje vou falar para vocês um pouco mais sobre a minha história com pacientes autistas e sobre autismo sintomas. Há um ano e alguns meses, comecei a trabalhar em uma Associação específica para pessoas com diagnóstico médico de autismo, todas possuem mais de dezoito anos e frequentam este local três vezes na semana. Ao longo do texto vou tentar esclarecer para vocês um pouco mais sobre esta síndrome e como a Fisioterapia pode auxiliar estas pessoas.
História do Autismo:
A palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se para si mesmo”.
- 1943 Leo Kanner publicou um estudo com 11 crianças que apresentavam um comportamento diferenciado; também criou o conceito de “mãe geladeira”, referindo-se que estas mães tinham um comportamento frio com estas crianças;
- 1944 Hans Asperger em sua tese com mais de 400 crianças descreveu o que mais tarde ficou conhecido como síndrome de Asperger, e chamou as crianças que estudou de “pequenos mestres”;
- 1960 a psiquiatra Lorna Wing, que tinha uma filha com autismo, foi a primeira a descrever a tríade de sintomas;
- Na década de 80 o autismo foi reconhecido e recebeu denominação correta e critérios específicos, passando a ser tratado como síndrome;
- Em dezembro de 2007, a ONU decretou o dia 02 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo;
- A primeira organização brasileira foi a Associação de Amigos do Autista (AMA), fundada por pais com o objetivo de acolher, informar e capacitar famílias e profissionais.
O que pode Causar o Autismo?
O Autismo tem como causa principal as alterações genéticas. Um grupo de genes (informação que dará origem a uma característica) como causador do problema. Possui forte tendência de ser transmitido de pai para filhos.
Não existe nada comprovado em relação aos fatores ambientais, mas é sempre importante orientar as mães de que é necessário realizar o pré natal, bem como a gestante deve evitar álcool e outras substâncias como medicamentos inadequados.
O que é o Autismo?
Os primeiros sintomas do autismo manifestam-se antes dos 3 anos de idade; Notam-se algumas alterações no desenvolvimento neuropsicomotor.
Estatisticamente, o autismo acomete mais meninos do que meninas.
O espectro pode se manifestar de diversas formas, sendo que alguns apresentam características similares. Existem muitas variações, que variam desde traços leves, difíceis de serem identificados, até casos complexos em que percebem-se todos os sintomas.
Principais áreas afetadas no Autismo
A principal área afetada é a habilidade social, notamos que alguns deles se isolam em um mundo impenetrável, não gostam muito de socializar com os outros, e tem aqueles que apresentam traços tão leves no qual fica difícil percebermos algum grau de autismo. Isto não significa que eles não sentem prazer em conviver em grupos ou com outras pessoas, eles não escolhem ficar sozinhos, mas a falta de habilidade social é que os prejudica. Entender os seus sentimentos é um passo fundamental para que possamos ajudá-los.
Outra área que os autistas apresentam problemas é na disfunção da linguagem , eles possuem grandes dificuldades em se comunicar pela linguagem verbal e não verbal. A grande maioria utiliza sinais, gestos ou sons repetitivos (ecolalia) para se expressar. Alguns pais levam ao médico para descartar a possibilidade de deficiência auditiva, outros relatam que os filhos falavam e deixaram de falar. Estes fatores geram muita angústia nas famílias pois sentem-se impotentes em não conseguir entender o filho.
A terceira área são as disfunções comportamentais, o padrão de comportamento de um autista varia de acordo com cada um sendo dividido em duas categorias:
- A primeira trata-se de comportamento motores repetitivos (estereotipias), como pular, balançar o corpo e as mãos, bater palmas… Grande parte deles possui interesses restritos e não seguem os comandos solicitados por outras pessoas.
- A segunda está relacionada a comportamentos cognitivos como compulsões, rotinas, restrição de interesse exagerado, sendo muitas vezes super inteligente para algumas coisas e tendem a ter prejuízos em outras.
Estas três áreas citadas acima fazem parte da Tríade de Sintomas.
Autismo Sintomas:
Vamos citar mais alguns sintomas, que se encaixam dentro da tríade citada anteriormente, que são importantes para auxiliar a identificação do autismo.
- Disfunção Social
- Não conseguem estabelecer momentos de interação prolongada;
- Dificuldade em estabelecer contato visual;
- Divertem-se mais com objetos e animais, do que com as pessoas;
- Risos inapropriados;
- Disfunção da Comunicação
- Dificuldade no desenvolvimento da linguagem falada;
- Uso repetitivo da linguagem;
- Dificuldade em brincadeiras de faz de conta;
- Podem falar na terceira pessoa;
- Ingenuidade;
- Dificuldade no entendimento de ironias;
- Algumas aprendem a ler e escrever sozinhas antes da fase de alfabetização (hiperlexia);
- Disfunções Comportamentais
- Interesses restritos, de maneira aprofundada e detalhista;
- Apego á rotina;
- Movimentos repetitivos (estereotipias);
- Geralmente não gostam do toque físico;
- Movimentam-se bastante;
- Alguns andam na ponta dos pés;
- Autoagressão. Alguns agridem a si próprios;
- Barulhos altos, gritos… causam incomodo;
- Período curto de atenção;
- Instabilidade de humor;
- Apresentam insônia, ou sono agitado;
- Gosto por música;
- Dificuldade em atividades básicas da vida diária;
- Dificuldade de coordenação motora fina;
- Dificuldades no caminhas;
- Hábitos de enfileirar ou empilhar;
Estes são alguns dos sintomas que podem ou não estar presentes em autistas, na imagem abaixo temos um resumo com alguns destes sinais.
Classificação do Autismo:
A classificação, varia muito desde de traços leves, que não permitem fechar o diagnóstico, até um quadro clínico mais grave com a presença de todos os sintomas.
Podemos subdividi-los em algumas categorias:
- Traços do Autismo, com características muito leves: apresentam algumas características autísticas.
- Síndrome de Aperger: Possuem um conjunto de sintomas com problemas na socialização.
- Indivíduos de alto funcionamento: São indivíduos que como o Asperger tem dificuldade de socialização, mas também apresenta dificuldade de linguagem e estereotipias (movimentos repetidos), porém são muito inteligentes.
- Autismo clássico, grave: Apresenta a tríade de sintomas, dificuldade de independência e geralmente é chamado de “Autismo Clássico”.
Diagnóstico para Autismo:
Após identificar os sintomas do autismo, é necessário fazer um diagnóstico.
Para um diagnóstico com êxito, é fundamental que o profissional tenha bastante experiência e entenda sobre comportamentos infantis de forma geral; os pediatras precisam observar as crianças com muito critério desde o histórico da gestão até os dias atuais.
Tratamento para Autismo:
Para um bom tratamento é necessário uma equipe multidisciplinar (psiquiatras, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, educadores…), trabalhando de forma integrada com muito empenho juntamente com a família.
Fisioterapia para Autistas:
Como citei anteriormente, trabalho com autista a mais de um ano e a cada dia temos novas surpresas e descobertas, cada um deles é único, um dia estão de bom humor concordando em fazer tudo, no outro não; Precisamos estar sempre inventando algo novo que lhes prenda atenção e lhes de motivação.
Na fisioterapia, trabalho de diversas formas, buscando uma melhora das habilidades motoras através de circuitos ou exercícios específicos; Atividades de vida diária, pois como adultos também precisam ter o máximo de independência possível; Motricidade, na qual apresentam muitas dificuldades; Coordenação motora; Melhora no caminhar que se altera devido a falta de força, problemas posturais, de tônus, restrição da amplitude de movimento; Atenção; Concentração; Equilíbrio…
É sempre necssário ter uma segunda opção, pois muitas vezes o que planejamos não é possível de ser realizado, portanto é um desafio a cada dia!
Quanto mais cedo forem identificados os sintomas do autismo e feitos diagnóstico e tratamento, maior será a chance de a pessoa no espectro autista aprender a se socializar e desenvolver as habilidades de comunicação e interação que lhe parecem tão difíceis.
Ana Beatriz Barbosa Silva
Você pode ler mais sobre o Autismo neste link.
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