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Nesta matéria falarei um pouco sobre a dor psicológica e como a mente pode influenciar no controle do nosso corpo, gerando dores e disfunções severas! A completa interligação de Corpo e Mente é conceito essencial. A mente pode ser considerada complexa, pois não conseguimos visualizar concretamente suas disfunções, já o corpo manifesta os fenômenos físicos, que podem ser vistos.
Quando falamos de tratamento para a região pélvica, devemos sempre lembrar da ligação que o psicológico tem com esta parte do corpo. Por muitos anos os órgãos genitais foram considerados sagrados – não é à toa que o osso abaixo da coluna é chamado de SACRO- e tudo o que envolvia estes poderia ser considerado pecado! Através do tempo, nossa cultura voltou-se para a preservação da pelve à sociedade! Era errado mulheres mostrarem e movimentarem esta parte do corpo em público, pois subjetivava que a mesma seria promíscua! Também passou a ser errado o movimento pélvico (famoso rebolado) para homens, pois insinuava que o mesmo tinha atitudes homossexuais!
Estes padrões fizeram com que, de geração em geração, perdêssemos a capacidade de movimentar adequadamente esta região do corpo, fazendo com que diminuísse a mobilidade e atividade muscular no local, aumentando a probabilidade de dor em qualquer movimento!
Vamos pensar pela lógica: nosso corpo foi feito para o movimento. Já precisou ficar na cama mais horas do que o necessário de sono para se recuperar de alguma doença, como gripe, por exemplo? O corpo dói muito sem movimento, pois ele perde força e faz com que os músculos gastem muita energia para funcionar! Assim acontece com a nossa pelve! A falta de movimento gerou fraqueza, diminuição de coordenação, controle e aumento de dor!
Toda a musculatura sobrecarregada forma o que chamamos de “ponto gatilho”, uma espécie de bola na superfície dos músculos que dói e limita o movimento! Este ponto gatilho ocorre porque a musculatura está exercendo força além da sua função normal, fazendo com que ocorra dor na relação sexual, dor ao toque, em exames ginecológicos e urológicos.
Agora, e o homem? Pode sentir dor na relação sexual?
A resposta é sim! homens podem possuir dor pélvica por diminuição da mobilidade e tensão muscular, já que a região é pouco estimulada e diminui a força e controle dos músculos pélvicos também, porém a sua dor, ao contrário da mulher, pode gerar diminuição ou ausência de ereção!
Mas como nossa sua mente pode influenciar em problemas sexuais?
A mente possui memória celular que registra experiências vivenciadas e através de um mecanismo do sistema nervoso central, o corpo reage a estes padrões.
Quando esta memória for de dor, trauma ou ameaça, o corpo reage realizando contrações musculares involuntárias (espasmos) e forma pontos gatilhos para que haja proteção deste segmento corporal! Por mais vaga que seja a lembrança de dor, durante a relação sexual o cérebro pode agir fazendo espasmos dos músculos vaginais para impedir que o ato sexual aconteça e a pessoa volte a sentir dor, o que na realidade não funciona, pois acaba sentindo mais dor ainda!
Além disso, pessoas que possuem característica de serem estressadas, ansiosas e/ou depressivas, geralmente desenvolvem um padrão de proteção do corpo bloqueando qualquer movimento brusco! Existem partes do corpo que absorvem este estresse mental, como é o caso da cervical que gera o famoso torcicolo, ou da pelve que causa disfunções sexuais.
Nestes casos, a fisioterapia é responsável por tratar tudo o que envolveu o físico, diminuindo qualquer tipo de tensão, dor, aumentando a força, coordenação e mobilidade. Além disso, trabalha a terapia comportamental e sexualidade, orientando em relação a ações que possam colaborar no tratamento. Na maioria dos casos, é necessário realizar, em conjunto, tratamento com psicóloga, que através de sua formação irá auxiliar o paciente com as questões mentais que estão influenciando o controle do corpo, pois para que o tratamento seja completo, precisamos eliminar todos os fatores que causam essa dor.